quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Tempo, tempo, tempo...

Oops, o Philinus e o Nelinho, na HQ desta semana, chegaram atrasados na escola! Eles bem que tentaram justificar esse “probleminha com o tempo”, um apelando para a filosofia e o outro para a ciência. O problema é que a diretora só acredita em um tempo: o do seu relógio!

Para o Nelinho – que sonha em ser cientista e desde muito cedo adquiriu o hábito de formular teorias metódicas e rigorosamente racionais a respeito de tudo – o tempo talvez seja simplesmente algo determinado pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein ou pelas Leis de Newton.

Já para o Philinus – que costuma “filosofar” bastante nas aulas de Física e, por isso, prefere explicações que não exijam nenhuma fórmula matemática – falar sobre o tempo é algo que lhe permite soltar sua imaginação e embarcar em longas viagens do pensamento.

Por exemplo, Platão (428 – 347 a.C.) estabeleceu uma diferença entre o que existe no mundo e o que não existe, o que “é” e o que “não é”. Para ele, tudo que existe no mundo real “é”. Contudo, o filósofo afirma que não vivemos em um mundo real e sim em um mundo de ideias. Isto porque nós, seres humanos, só conseguimos perceber tudo que existe por meio de sensações (visão, audição, paladar, tato e olfato). Por exemplo, uma maçã só passará a existir para nós quando a enxergarmos ou, numa experiência mais profunda, quando também a pegarmos com as mãos e percebermos sua superfície, a cheirarmos, ouvirmos o som dos nossos dentes mordendo-a e sentirmos seu gosto enquanto a mastigamos.

Só depois de experimentarmos essas sensações é que o nosso raciocínio interpretará essa maçã como sendo uma “coisa real”.

Portanto, o mundo real, para nós, só existe porque primeiro o sentimos e, depois, o apreendemos por meio do raciocínio.

O problema é que as sensações variam de pessoa para pessoa. Por exemplo, algumas sentem mais frio que outras, ou preferem uma determinada marca de chocolate, por acharem as demais exageradamente doces.

Sendo assim, Platão conclui que este mundo que vivenciamos não é real – ou, em outras palavras, “não é” –, porque cada um sente e interpreta as coisas a seu modo.

Por essas e outras é que, para Platão, o tempo, na prática, não existiria, uma vez que faz parte do mundo das ideias, do mundo que é experimentado por nós exclusivamente por meio de sensações que variam de pessoa para pessoa.

O filósofo alemão Edmund Husserl (1859 - 1938) parece concordar com Platão no que diz respeito ao tempo estar relacionado a algo dentro das pessoas e não ao que está fora delas. Para ele, no entanto, a experiência do tempo está diretamente ligada à percepção que temos das coisas.

Uma boa maneira de entendermos essa visão é observarmos como nossa noção do tempo varia dependendo da situação em que nos encontramos. Por exemplo, quando assistimos a um filme que nos prende a atenção ou passamos momentos muito agradáveis papeando com os amigos, costumamos dizer que o tempo voou, não é mesmo? Os aficionados por video-game passam horas jogando e depois dizem que parece não terem ficado nem quinze minutos fazendo aquilo. Por outro lado, quando ficamos presos no trânsito ou somos obrigados a fazer alguma coisa chata, o tempo parece andar feito uma tartaruga!

Como se pode observar, o tempo oferece muitos caminhos e muitas possibilidades de interpretação, de modo que nem todo o tempo do mundo seria suficiente para chegarmos a alguma conclusão.

No campo da filosofia, no entanto, pelo menos para Platão e Husserl, uma coisa parece certa: “tempo” é algo que não se define exclusivamente pelos relógios, mas, principalmente, pelo que se passa em nossa mente.

Ih, já passou da hora de terminar esse post! Até o próximo!

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